O conceito de sapiossexualidade, que se refere à atração pela inteligência, pode ser resumido na famosa citação atribuída a F. Scott Fitzgerald: “A inteligência é o único afrodísiaco que continua a existir quando a juventude e a beleza se foram.”
Mas será que essa preferência é realmente tão simples assim?
Nos últimos anos, o termo “sapiossexual” ganhou popularidade na internet e nas redes sociais como uma forma de definir a forte atração que se sente pelo poder intelectual de alguém.
O termo sapiossexual resulta da junção do prefixo “sapio”, advindo do latim sapiens (sábio), com o sufixo “sexual”. Basicamente, refere-se a uma atração física ou idealização romântica por uma pessoa notavelmente inteligente, argumentativa e detentora de um nível cultural elevado.
Esse conceito foi popularizado pela escritora Kayar Silkenvoice, que criou o domínio sapiossexual.com em 2005.
No entanto, segundo o jornal americano The New York Times, o termo teria sido criado em 1988 pelo engenheiro Darren Stalder, que o usou para se descrever em um perfil de comunidade na internet.
Embora essa atração pelo intelecto seja destacada, outras características, como beleza e status financeiro, não são anuladas. Entretanto, a sapiossexualidade se caracteriza principalmente pela atração exercida pela inteligência, acima de qualquer outro critério.

Dada a curiosidade em torno dessa tendência e seu grande número de adeptos, cientistas de uma universidade na Austrália realizaram um estudo para descobrir se existe uma predisposição da personalidade que revele essa faceta em certos indivíduos.
Para isso, 383 estudantes, com um Q.I. considerado médio (100 pontos, com desvio padrão de 15), foram submetidos a um teste sobre interesses amorosos e percepções da inteligência, avaliando fotos de pessoas de Q.I. alto como atraentes ou não.
Os resultados indicaram que entre 1% e 8% dos jovens entre 18 e 35 anos podem ser sapiossexuais.
Quanto Mais Inteligente, Mais Atraente?
Curiosamente, uma conclusão que se poderia tirar é que quanto mais inteligente uma pessoa é, mais atraente ela será. No entanto, o estudo revelou que não é bem assim.
As pessoas vistas como mais atraentes tinham um Q.I. superior à média de 90% da população. Porém, quando se tratava de pessoas com Q.I. igual ao 1% mais inteligente do mundo, o interesse dos participantes diminuía.
Esse resultado é intrigante e levanta a possibilidade de que, se o Q.I. dos participantes fosse significativamente mais alto, aqueles com inteligência excepcional poderiam ser vistos como mais atraentes. Portanto, a relação entre atração e inteligência pode depender da compatibilidade intelectual entre as partes.
Afinal de Contas, Inteligência é Mesmo Atrativa?
O fato de a inteligência ser um traço apreciado, desejado e frequentemente destacado como uma das maiores qualidades humanas não é novidade. No entanto, ainda não há consenso sobre se ela é realmente um fator que provoca atração sexual ou romântica.
Por outro lado, ninguém pode negar que o extremo oposto — a falta de discernimento — pode ser um fator desestimulante.
Brincadeiras à parte, a inteligência é uma característica desejável para a maioria das pessoas em diversas circunstâncias.
O que importa, de fato, é entender qual é o peso da inteligência na atração sexual e amorosa, e se o termo sapiossexual realmente representa uma preferência exclusiva de alguns indivíduos.
O Quanto a Inteligência Influencia na Sedução?
Essa é uma questão complexa, pois a resposta depende de muitos fatores, como o valor atribuído a esse traço, se é homem ou mulher quem o avalia, qual o nível dessa inteligência, e por que se prioriza esse atributo.
No que diz respeito à diferença entre os sexos, há um estudo que revela que muitos homens se sentem intimidados por mulheres mais inteligentes, o que sugere que a inteligência nem sempre é um forte requisito nesses casos.
Maiores detalhes desse estudo podem ser acessados no site a seguir:https://super.abril.com.br/coluna/cienciamaluca/homens-se-intimidam-com-mulheres-inteligentes
Outro ponto que dificulta uma resposta definitiva sobre o quanto a inteligência pesa na atração está na possibilidade de que o que atrai uma pessoa não seja apenas a inteligência em si, mas também a idealização de outros atributos que ela pode simbolizar.
Por exemplo, pode-se associar inteligência a características como compreensão, amabilidade ou sucesso, que nem sempre estão relacionadas.
Esse fenômeno pode explicar, em parte, como algumas pessoas de alta capacidade cognitiva conseguem persuadir outras, independentemente de suas intenções.
Por Fim, a Sapiossexualidade é Exclusiva de Alguns Seres Humanos?
Dado que a inteligência é um atributo universalmente admirado, é difícil acreditar que a sapiossexualidade seja uma característica exclusiva de determinadas pessoas.
Alguns podem até afirmar que priorizam a inteligência em suas buscas por relacionamentos, mas raramente se pode garantir que foi esse o único fator determinante para o interesse amoroso.
Não é razoável supor que os atributos intelectuais de alguém se sobreponham a outras qualidades que também são importantes, como confiabilidade, empatia, e até características marcantes como a aparência física ou o sucesso profissional.
Contudo, se todas essas qualidades se combinarem, a atração pode ser inegável, independentemente de se considerar ou não um sapiossexual.
Conclusão
Embora o conceito de sapiossexualidade tenha se popularizado, sua aplicação prática e exclusividade permanecem em debate.
A inteligência certamente tem um papel na atração e nos relacionamentos, mas é apenas uma das muitas facetas que compõem a complexidade das interações humanas.
Autor: Juliano Alventino